Era certa que seria feliz, que encontrara a felicidade com o príncipe dos meus sonhos. Me dediquei à minha casa e fui exemplar. Ou pelo menos achei que assim fui, até tomar conhecimento de que fracassei como mulher, logo após ter me consagrado eternamente a ele. Mas a minha vulnerabilidade, fraqueza, carência e solidão me dominaram. Decidi continuar vivendo no meu mundo de fantasias e mentiras, mas mantendo a aparência de um conto de fadas a todos que olhassem do lado de fora. Me tornei prisioneira deste príncipe que amava; enxergava as correntes que me prendiam como uma forma de ser amada. Meu sub-consciente foi trancado a nove chaves pelo meu próprio consciente, uma maneira de tentar manter vivo o sonho que já era perdido. Ele se lembrava de meu corpo quando assim o necessitava, mas me esquecia quando suas prioridades eram amigos, ou festas, ou outras mulheres mais atraentes. Me encorajou a deixar ser tocada por seus amigos, ou por encontrar outros que me agradassem, assim teria o aval para que fizesse o mesmo com outras mulheres. Se encontrar com amigos e festejar era prioridade acima de qualquer outro compromisso, até mesmo se sua princesa estivesse doente, incapacitada de levantar da cama. Tentei acompanhá-lo às festas e em bebidas, mas somente me debilitava. E mesmo assim não tinha a companhia que eu desejava aos eventos que planejava, pois eram muito normais e entediantes para ele: nada melhor que beber, ficar rodeado de amigos, flertar com mulheres bonitas e se sentir poderoso.
Seus amigos se mostraram falsos, prontos a festejar somente, e o poder que ele sentia enquanto nas festas se dissipou instantaneamente. Finalmente abri meus olhos e percebi o monstro que me tornei. Percebi que meu príncipe nunca existiu na realidade, somente em minhas fantasias. Que isto não é amor e que posso terminar com esta humilhação.
Eu não sei o que é o amor, mas ainda sonho com ele. Desta vez, entretanto, com os pés no chão, usando o ceticismo como a ponte de entrada à minha própria alma e a esperança como a luz que ilumina meu caminho.
Saturday, February 12, 2011
Wednesday, February 9, 2011
O abismo já inexistente
Como de costume, entrei no meu mundo, subi até o último andar, contemplei o céu escurecido e olhei para baixo a encontrar o negro abismo sem fim que se mostra como a solução. Mas desta vez algo mudou. Ao invés da escuridão, vi o mar: tão próximo, e tão límpido que me vi caminhando em sua direção. As ondas batiam em meus pés e transmitiam uma imensa tranquilidade. O sol brilhava, dominando as trevas que estiveram presentes. Sentia o vento no meu rosto e um sussurro de esperança nos meus ouvidos. Tudo fez sentido quando o vi andando até mim, com seu sorriso sereno, os raios do sol refletidos em seus olhos e pronto a me dar seu abraço eterno. Admirava a forma como falava, como me abraçava, me enchia de carinho e me dava atenção. Seus olhos atentos me observavam, prontos a me apoiar no que fosse preciso. Cuidados físicos e emocionais inexistentes no mundo natural, mas que nele se fazem exceções. Assim conheci o amor, o respeito e a dedicação. Sentimentos ou que nunca encontrei, ou que há muito já não eram presentes em minha alma. Aprendi novamente como é amar e ser amada, como é estimar e ser estimada, como é respeitar e ser respeitada. Novamente consigo ver além da muralha que se estendia ao meu redor; novamente consigo ver além do horizonte e enxergar a esperança que era ausente. Farei permanente este meu mundo, o qual não somente visito diariamente mas habito nele eternamente. Este mundo preenchido de admiração, atenção, estima, amor e respeito acima de tudo. Faço dele o meu centro de dedicação onde a noite deixa de existir, e dá lugar a esperança de felicidade.
Nosso amor é simples, como nenhum outro amor que conheci.
Nosso amor é simples, como nenhum outro amor que conheci.
Thursday, January 27, 2011
Fosso cheio de jacarés e águas-vivas
Gostaria de fazer parte do mundo das formigas, que não param, se movimentam e andam sem cessar, de um lado para o outro. Não há sentimentos, não há raciocínio: somente o instinto de sobreviver. Poderia me esconder em qualquer buraco pequeno, ou em qualquer fenda de uma árvore.
Minha vida é um desperdício. De nada vale a pena, nem pra mim, nem pra alguém. Quando páro pra analisá-la, percebo que nem um progresso se fez, ou que a ninguém fiz feliz. Fui um peso desde minha concepção, e assim continuo sendo para os que me rodeiam. Se apenas tivesse encontrado o livro de encantamentos que tanto procurei, o usaria para me fazer desaparecer e ser transportada ao meu próprio mundo, onde não há nem sentimentos, nem razão. Onde vivo com meus sonhos e fantasias, sem preocupações e não me deixando sucumbir às minhas próprias angústias. Somente a aliviar todos que dizem que me amam. Esta minha existência permitiu que a vida se tornasse numa prisão, a qual finalmente reconheço, mas ainda procuro a porta de saída. Prisão esta que se parecia com um castelo que transbordava em felicidade mas que, com o tempo, as paredes de mentira foram se desfazendo e revelando a escuridão que sempre foi. O caminho para a liberdade está a vista; na verdade, bem próximo, mas a jaula tem cadeados criados por minha mente que não são matéria, somente fruto do meu lado mais sombrio. Tento dar um passo a liberdade, mas de repente vejo correntes de aço presas aos meus pés e cobrindo meu corpo. Não consigo fazer com que elas desapareçam. Pelo contrário, me apertam cada vez mais. Me deito a observar o céu sem cor, sem vida e sem estrelas, e assim observo a mim mesma. Sem tudo, e com nada.
Minha vida é um desperdício. De nada vale a pena, nem pra mim, nem pra alguém. Quando páro pra analisá-la, percebo que nem um progresso se fez, ou que a ninguém fiz feliz. Fui um peso desde minha concepção, e assim continuo sendo para os que me rodeiam. Se apenas tivesse encontrado o livro de encantamentos que tanto procurei, o usaria para me fazer desaparecer e ser transportada ao meu próprio mundo, onde não há nem sentimentos, nem razão. Onde vivo com meus sonhos e fantasias, sem preocupações e não me deixando sucumbir às minhas próprias angústias. Somente a aliviar todos que dizem que me amam. Esta minha existência permitiu que a vida se tornasse numa prisão, a qual finalmente reconheço, mas ainda procuro a porta de saída. Prisão esta que se parecia com um castelo que transbordava em felicidade mas que, com o tempo, as paredes de mentira foram se desfazendo e revelando a escuridão que sempre foi. O caminho para a liberdade está a vista; na verdade, bem próximo, mas a jaula tem cadeados criados por minha mente que não são matéria, somente fruto do meu lado mais sombrio. Tento dar um passo a liberdade, mas de repente vejo correntes de aço presas aos meus pés e cobrindo meu corpo. Não consigo fazer com que elas desapareçam. Pelo contrário, me apertam cada vez mais. Me deito a observar o céu sem cor, sem vida e sem estrelas, e assim observo a mim mesma. Sem tudo, e com nada.
Tuesday, January 25, 2011
Efeitos e Consequências
Esperanças do coração de uma mulher: infindáveis
Menina-mulher: sonhadora de coração apaixonado
Independência imposta pela sociedade: conquistada
Amor: desconhecido a seus olhos
A união da família:
Tão desejada por muitos, mas poucos sabem como conquistá-la
O ser humano é solitário, querendo sempre fazer tudo sozinho e sanar a ganância inata
Coloque esses desejos de lado e dará o primeiro passo a almejada união familiar
Respeito: palavra coringa
Nele tanto se fala, mas nem todos o conhecem
É a humildade que se pratica em colocar qualquer pessoa acima de sim mesmo
É a admiração que se tem de outrem
É a compaixão para com o ser humano
É o amor dedicado a alguém que dele necessite
Saiba respeitar, e assim o será
Menina-mulher: sonhadora de coração apaixonado
Independência imposta pela sociedade: conquistada
Amor: desconhecido a seus olhos
A união da família:
Tão desejada por muitos, mas poucos sabem como conquistá-la
O ser humano é solitário, querendo sempre fazer tudo sozinho e sanar a ganância inata
Coloque esses desejos de lado e dará o primeiro passo a almejada união familiar
Respeito: palavra coringa
Nele tanto se fala, mas nem todos o conhecem
É a humildade que se pratica em colocar qualquer pessoa acima de sim mesmo
É a admiração que se tem de outrem
É a compaixão para com o ser humano
É o amor dedicado a alguém que dele necessite
Saiba respeitar, e assim o será
Monday, January 24, 2011
Perspectiva
Quero voltar a ser velho
Que sabia viver, que sabia morrer
Que aprendeu a sonhar
Mesmo sabendo que eram em vão
Que aprendeu a admirar
Mesmo que fosse uma folha de uma árvore
Que aprendeu a amar
Mesmo sabendo que não era amado
Quero voltar a ser criança
Que brincava no quintal
E ignorava o mundo ao seu redor
Que sonhava em ser feliz
Que sonhava em ser amada
A criança que pedia a benção a seus avós
Acreditando que valesse coisa alguma
A criança que ria ao ver a chuva
E se esquecia de chorar
Sou eu esse que sou
Nem velho, nem criança
Um ser nem vivo, nem morto
Mas com uma gota de esperança
De que se torne chuva
Sunday, January 23, 2011
Nostalgia
Me abalo perante este sentimento de nostalgia. Vejo-nos quando crianças correndo pelo quintal, de um lado para outro, procurando formas de nos entreter. Uma simples goiaba madura é transformada em uma vaquinha de brinquedo. Criávamos nosso próprio curral fictício. Brincando de ser gente.
Subir no pé de jabuticaba se tornava em um mundo a parte, no qual era tão fácil ter a coragem de uma pantera e subir até o topo, ignorando qualquer risco possível.
Fazer guerrinhas de mamonas. O êxtase da brincadeira fazia-nos esquecer a dor de tomar uma no peito.
Gargalhadas infindáveis.
Ser criança, ser inocente, ser novo e cheio de vida.
Tudo acabou. Só nos resta nostalgia.
Subir no pé de jabuticaba se tornava em um mundo a parte, no qual era tão fácil ter a coragem de uma pantera e subir até o topo, ignorando qualquer risco possível.
Fazer guerrinhas de mamonas. O êxtase da brincadeira fazia-nos esquecer a dor de tomar uma no peito.
Gargalhadas infindáveis.
Ser criança, ser inocente, ser novo e cheio de vida.
Tudo acabou. Só nos resta nostalgia.
Saturday, January 22, 2011
Buraco Negro
Abriu seus olhos e finalmente enxergou-se
Percebeu-se a si mesmo
Não conseguiu achar o fundo dos abismos
Um lago negro, sem vida, sem fim, estável
O negro que acumula as cores, sem cor alguma
As pedras pontiagudas que o circundam
Escuras, sem brilho, sem tamanho, sem cor
A vida se foi
Cheia dela era a criança que partiu
E como um câncer, dela tomou conta a escuridão
O monstro que se vê, esqueceu-se da esperança de criança que um dia foi
Os sonhos de felicidade descartados
Delonga a tristeza que já é intrínseco de si
Vida ainda há, mas não a vontade de viver
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