Thursday, January 27, 2011

Fosso cheio de jacarés e águas-vivas

Gostaria de fazer parte do mundo das formigas, que não param, se movimentam e andam sem cessar, de um lado para o outro. Não há sentimentos, não há raciocínio: somente o instinto de sobreviver. Poderia me esconder em qualquer buraco pequeno, ou em qualquer fenda de uma árvore.
Minha vida é um desperdício. De nada vale a pena, nem pra mim, nem pra alguém. Quando páro pra analisá-la, percebo que nem um progresso se fez, ou que a ninguém fiz feliz. Fui um peso desde minha concepção, e assim continuo sendo para os que me rodeiam. Se apenas tivesse encontrado o livro de encantamentos que tanto procurei, o usaria para me fazer desaparecer e ser transportada ao meu próprio mundo, onde não há nem sentimentos, nem razão. Onde vivo com meus sonhos e fantasias, sem preocupações e não me deixando sucumbir às minhas próprias angústias. Somente a aliviar todos que dizem que me amam. Esta minha existência permitiu que a vida se tornasse numa prisão, a qual finalmente reconheço, mas ainda procuro a porta de saída. Prisão esta que se parecia com um castelo que transbordava em felicidade mas que, com o tempo, as paredes de mentira foram se desfazendo e revelando a escuridão que sempre foi. O caminho para a liberdade está a vista; na verdade, bem próximo, mas a jaula tem cadeados criados por minha mente que não são matéria, somente fruto do meu lado mais sombrio. Tento dar um passo a liberdade, mas de repente vejo correntes de aço presas aos meus pés e cobrindo meu corpo. Não consigo fazer com que elas desapareçam. Pelo contrário, me apertam cada vez mais. Me deito a observar o céu sem cor, sem vida e sem estrelas, e assim observo a mim mesma. Sem tudo, e com nada.

Tuesday, January 25, 2011

Efeitos e Consequências

Esperanças do coração de uma mulher: infindáveis
Menina-mulher: sonhadora de coração apaixonado
Independência imposta pela sociedade: conquistada
Amor: desconhecido a seus olhos


A união da família:
Tão desejada por muitos, mas poucos sabem como conquistá-la
O ser humano é solitário, querendo sempre fazer tudo sozinho e sanar a ganância inata
Coloque esses desejos de lado e dará o primeiro passo a almejada união familiar


Respeito: palavra coringa
Nele tanto se fala, mas nem todos o conhecem
É a humildade que se pratica em colocar qualquer pessoa acima de sim mesmo
É a admiração que se tem de outrem
É a compaixão para com o ser humano
É o amor dedicado a alguém que dele necessite
Saiba respeitar, e assim o será

Monday, January 24, 2011

Perspectiva

Quero voltar a ser velho
Que sabia viver, que sabia morrer
Que aprendeu a sonhar
Mesmo sabendo que eram em vão
Que aprendeu a admirar
Mesmo que fosse uma folha de uma árvore
Que aprendeu a amar
Mesmo sabendo que não era amado

Quero voltar a ser criança
Que brincava no quintal
E ignorava o mundo ao seu redor
Que sonhava em ser feliz
Que sonhava em ser amada
A criança que pedia a benção a seus avós
Acreditando que valesse coisa alguma
A criança que ria ao ver a chuva
E se esquecia de chorar 

Sou eu esse que sou
Nem velho, nem criança
Um ser nem vivo, nem morto
Mas com uma gota de esperança
De que se torne chuva

Sunday, January 23, 2011

Nostalgia

Me abalo perante este sentimento de nostalgia. Vejo-nos quando crianças correndo pelo quintal, de um lado para outro, procurando formas de nos entreter. Uma simples goiaba madura é transformada em uma vaquinha de brinquedo. Criávamos nosso próprio curral fictício. Brincando de ser gente.
Subir no pé de jabuticaba se tornava em um mundo a parte, no qual era tão fácil ter a coragem de uma pantera e subir até o topo, ignorando qualquer risco possível.
Fazer guerrinhas de mamonas. O êxtase da brincadeira fazia-nos esquecer a dor de tomar uma no peito.
Gargalhadas infindáveis.


Ser criança, ser inocente, ser novo e cheio de vida.
Tudo acabou. Só nos resta nostalgia.

Saturday, January 22, 2011

Buraco Negro

O monstro acordou
Abriu seus olhos e finalmente enxergou-se
Percebeu-se a si mesmo
Não conseguiu achar o fundo dos abismos

Um lago negro, sem vida, sem fim, estável
O negro que acumula as cores, sem cor alguma
As pedras pontiagudas que o circundam
Escuras, sem brilho, sem tamanho, sem cor

A vida se foi
Cheia dela era a criança que partiu
E como um câncer, dela tomou conta a escuridão

O monstro que se vê, esqueceu-se da esperança de criança que um dia foi
Os sonhos de felicidade descartados
Delonga a tristeza que já é intrínseco de si
Vida ainda há, mas não a vontade de viver